Onde está a felicidade? Quem sabe?

ROSSEAU, J-J., 1712-1778. Ou le bonheur fait d’autosuffisance et d’équilibre. In: DANINI, P. et OUDIN, É. Le bonheur: petite philosophie des grandes idées. Paris: Eyrolles, 2010. 198p.

O próprio Rousseau, coloca o problema. Ser feliz é ser sensível; é a primeira marca impressa em nós pela natureza, e a única que não nos deixa jamais. Mas onde está a felicidade? Quem sabe? Todos buscam e ninguém a encontra. Vive-se à sua procura e morre-se sem encontrá-la.

A felicidade do homem selvagem. Se ninguém encontra a felicidade, será porque é apenas um ideal proveniente apenas de algum estado original da natureza, como retratado nos Discurso sobre a origem de desigualdade entre os homens?

Autosuficiência e equilíbrio da felicidade natural. Há efetivamente uma felicidade no homem selvagem. Ela toma forma a partir da independência deste e da maneira como supre às suas necessidades. Essa atitude, possivelmente, origina-se nas suas forças naturais, porém é principalmente em razão da limitação dos seus desejos, que, segundo Rousseau, “são apenas necessidades físicas”²: alimento, sexo e repouso, apenas esses que ele é capaz de satisfazer. Sua felicidade caracteriza-se assim por uma auto suficiência e equilíbrio – entre desejos, necessidades e poder. Emílio também assumirá essa figura de equilíbrio para definir a felicidade natural: a sabedoria humana leva à verdadeira felicidade,

diminuir o excesso de desejos e equilibrar ao mesmo tempo o poder a vontade. […] É somente neste estado primitivo que o equilíbrio de poder e desejo se encontram e o homem não é infeliz³. […]

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¹ Emílio, Livro V.

² Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes, primeira parte.

³ Livro II.

Onde está a felicidade? Quem sabe?

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